Por Veridiana Rocha
Dar vida ao imaginário, ao mundo das personificações, bruxas, fadas, príncipes e princesas: tudo que o Maravilhoso pode trazer, mostrar e reproduzir com a ajuda do leitor (geralmente voltado ao público infantil) principalmente.
Neste mundo em que a magia se mistura com o real é que surgem os Contos de Fada e os Contos Maravilhosos. O primeiro grupo é de origem celta e está baseado, a princípio, em estórias contadas oralmente ; possui como foco principal a realização pessoal (voltando-se para o lado existencial) e pode possuir ou não a presença de fadas. Já o segundo, de origem oriental, era oralizado, assim como os Contos de Fada; tinha como objetivo a realização pessoal (voltando-se para o lado material) e não possuía a presença de fadas como mediadoras da obtenção desse ideal.
Algumas características que ambos possuem em semelhança são: a aspiração, viagem, obstáculos, uma mediação e a conquista do objetivo. Além disso, apresentam os fatores estruturais que aparecem em qualquer obra literária: um narrador, um foco narrativo, a história, os personagens, o espaço físico e temporal, uma linguagem usada literariamente e um destinatário para a sua comunicação, o leitor.
Divididos entre o bem e o mal, representados por príncipes, fadas e também por monstros, lobos e bruxas apavorantes, esses contos encantam as crianças e os adultos desde a sua criação, que data da época medieval. Porém, a sua função não pára aí, pois além do entretenimento, transmitem ainda valores e costumes e ajudam a elaborar a própria vida através de situações conflitantes e fantásticas.
Segundo Bettelheim, (apud CEZARETTI, 1989: 24), todos os problemas e ansiedades infantis, como a necessidade do amor, do medo e do desamparo, da rejeição e da morte, são colocados nos contos em lugares fora do tempo e do espaço, mas muito reais para crianças. A solução geralmente é encontrada nessas histórias e quase sempre levada a um final feliz, pois elas dão pistas de como se pode construir um relacionamento satisfatório com as pessoas ao redor. Todavia, para se chegar ao final nem tudo são flores e é a partir dessa reflexão entre a fantasia, o imaginário e o real, que o leitor vai perceber que deve saber superar obstáculos, para obter essa conquista.
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