sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

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Ruth Rocha: “É muito bom escrever para crianças”


Livros de idéias

Há vida inteligente no mundo dos best sellers mundiais
Texto: Alexandre Versignassi

Estes livros costumam ficar nas prateleiras de negócios ou de administração. As editoras costumam vendê-los como se fossem manuais para executivos. Alguns têm cara de auto-ajuda. Mas não. É só uma roupagem marketeira para livros que juntam sociologia, psicologia, economia, mexem bem e adicionam a pretensão de explicar o mundo da economia a gosto. Eles invadiram as livrarias nos últimos anos. Vendem muito bem, obrigado. Mas não são fáceis de decifrar – seus títulos bacaninhas não ajudam: Freakonomics parece nome de filme de terror; O Cisne Negro, de romance policial; e A Cauda Longa, então? Parece... deixa pra lá! Para facilitar as coisas, o jornalista Malcom Gladwell, um dos autores pioneiros desse tipo de livro, inventou uma classificação nova, e, claro, pretensiosa, para eles: “livros de grandes idéias”. Agora, para facilitar mais ainda, montamos este guia aqui, que mostra qual é, afinal de contas, a grande idéia por trás de cada obra. E tivemos uma “grande idéia” também: organizar nossa prateleira de um jeito mais ou menos pretensioso. Boa leitura!

Blink (Malcom Gladwell, 2005).
A idéia: Tomamos decisões inconscientes o tempo todo. Alguns sabem tirar proveito disso, como especialistas em obras de arte que reconhecem uma falsificação quase perfeita num piscar de olhos, sem pensar. Outros não. É o caso dos empresários que, sem saber, só contratam sujeitos altos como executivos. Gladwell mostra: cada 3 centímetros a mais na altura valem quase US$ 1 000 a mais de salário anual nos EUA.

Freakonomics (Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner, 2005)
A idéia: O senso comum está errado. Os autores defendem que a legalização do aborto nos EUA, em 1973, foi o que reduziu a criminalidade, que as piscinas são mais perigosas para as crianças do que armas de fogo, que professores trapaceiam mais do que alunos nas avaliações... Ufa! Isso e mais umas dezenas de “impropérios”. Tudo sem o menor sensacionalismo, com precisão acadêmica.

The Black Swan (inédito em português, Nassim Taleb, 2007)
A idéia: O que faz o mundo girar são as coisas improváveis – seja um Adolf Hitler, seja um 11 de Setembro ou alguma empresa que descubra uma mina de ouro no nada, como a Microsoft. Até aí, nada de novo. Mas Taleb mostra que somos viciados em achar que o imprevisível não existe, que tudo é quadradinho, com causas e conseqüências claras – e que por isso os livros do tipo “Como ficar milionário em 10 passos” pode transformar seus autores, nunca seus leitores, em milionários.

O Ponto de Desequilí¬brio (M. Gladwell, 2000)
A idéia: Fenômenos sociais começam de surpresa. Por exemplo: Gladwell defende que a redução dos crimes em Nova York, que caíram pela metade nos anos 90, teve início em algo banal: o combate à pichação no metrô. Isso teria mostrado que as autoridades não estavam para brincadeira, começando uma bola-de-neve que arrasou os crimes – uma proposta menos radical que a do Freakonomics, mas tão atraente quanto.

O Mundo é Plano (Thomas Friedman)
A idéia: As pessoas são as novas multinacionais. Engenheiros russos projetam aviões para a americana Boeing direto de Moscou; contadores da Índia fazem o imposto de renda para quem mora nos EUA; o callcenter que atende suas ligações pode estar em qualquer parte do mundo. Um mundo agora “plano”, em que a distância física virou coisa do passado. Tanto que o faturamento saltou de US$ 100 milhões para US$ 9 bilhões.

Idéias que Colam (Chip Heath e Dan Heath, 2007)
A idéia: Se alguém disser que um saco de pipoca tem 37 gramas de gordura saturada você se lembraria depois de um mês? E se falarem que ele tem tanta gordura quanto um monte de bacon, um Big Mac com fritas e um bifão – tudo junto? Desse jeito a idéia gruda. Os Heath, enfim, dissecam os mecanismos que permitem isso. E concluem: as idéis que colam são as mais simples e inesperadas.

A Cauda Longa (Chris Anderson, 2006)
A idéia: Agora menos é mais. Chris Anderson decreta o fim dos hits de consumo: agora que qualquer livro, música ou vídeo está a dois cliques, o que não falta é opção de escolha. E aquilo de quase todo mundo ler, ouvir e assistir as mesmas coisas está acabando aos poucos. Para quem duvida, ele mostra dados surpreendentes para provar. Como este: um terço das vendas da Amazon são de livros que não aparecem nem entre os 100 mil mais vendidos.

A Sabedoria das Multidões (James Surowiecki, 2004)
A idéia: Vamos lá: se você perguntar a 100 idiotas quantas balas existem num saquinho, o número médio entre as respostas será mais acurado que o palpite de um especialista em saquinhos de bala. Com base em experimentos assim, que realmente aconteceram, Surowiecki conclui que grupos de pessoas são mais inteligentes do que indivíduos.

Wikinomics (Don Tapscott e A. D. Williams, 2007)
A idéia: O estilo wiki, a coisa de dividir trabalhos entre milhares de colaboradores online, não serve só para a Wikipedia. Mas para tudo. A mineradora canadense Goldcorp que o diga. Ela colocou seus estudos geológicos na rede. Então pagou por dicas de profissionais do mundo todo sobre onde encontrar mais minérios. A produtividade bombou. E o faturamento cresceu 9 000%.

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